domingo, 4 de abril de 2021

"Inventei a dança para me disfarçar" - Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen


 
George Barbier, Drawings of dances of Vaslav Nijinsky, 1913
 
 
Inventei a dança para me disfarçar 

 
Inventei a dança para me disfarçar.
Ébria de solidão eu quis viver.
E cobri de gestos a nudez da minha alma
Porque eu era semelhante às paisagens esperando
E ninguém me podia entender. 
 
in "Coral", 1950
 

 Dancing, 1921 
 
 
As casas 

Há sempre um deus fantástico nas Casas
Em que eu vivo, e em volta dos meus passos
Eu sinto os grandes anjos cujas asas
Contêm todo o vento dos espaços.
 
 

George Barbier, Jeanne Paquin - Evening Gown,  1914
 
 
 A Casa

A casa que eu amei foi destroçada
A morte caminha no sossego do jardim
A vida sussurrada na folhagem
Subitamente quebrou-se não é minha

 
Henri Gervex (1852-1929), Portrait of the Couturier Madame Paquin


Jeanne Beckers (Saint-Denis, 1869 - Paris, 1936), mais conhecida como Madame Paquin, foi  uma das primeiras estilistas da história da moda. Teve uma forte influência da art deco nas suas criações, no início do século XX. Trabalhou numa casa de alta-costura como manequim e veio a abrir sua própria casa na Rue de la Paix, Paris, em 1891. Em seguida, também abriu lojas em Madrid, Londres e Buenos Aires. Foi uma das primeiras mulheres publicitárias, iniciou no mundo da moda os desfiles, além de surpreender com modelos ao vivo em festas e comemorações na alta sociedade. 
Madame Paquin, foi a primeira mulher do seu tempo a ser premiada pela Légion d'Honneur, associação de elite que promovia trabalhos de artistas franceses. Aposentou-se em 1920 e sua casa, que chegou a ter dois mil funcionários, foi fechada em 1956. 
 
 
Henri Gervex, 'Five Hours at Paquin', 1906
 
 

Jean Béraud, 'La Rue de la Paix', 1907. (Paquin's salon is on the far right.) 



Jean Béraud, (French, 1849-1935): Sortie des ouvrières de la Maison Paquin, rue de la Paix, 1907, 
huile sur bois, Musée Carnavalet, Paris.


"A voz sobe os últimos degraus
Oiço a palavra alada impessoal
Que reconheço por já não ser minha"

Último poema de Ilhas, 1989 
 
 
 

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