quinta-feira, 1 de abril de 2021

"A Essência não se perde" - Poema de Reynaldo Valinho Alvarez



László Moholy-Nagy
, Great machine of emotion, 1920
 


A Essência não se perde

 
Com a firmeza de passos sem retorno,
carregar o que foi dentro de si,
sem chorar a partida, sem temer
deixar o que afinal vai bem marcado
com seu selo de coisa inesquecível.
A essência não se perde, vai connosco
e extravasa dos dedos quando escrevem,
salta fora da boca quando fala,
transpira pela pele, sai dos ossos,
é lançada dos músculos em arco
e circula no sangue das artérias.
Os pagos, as querências não se perdem,
se penetram nos ossos, moram neles,
não como o minuano passageiro,
mas sim como a medula que sustenta
o circuito do corpo e o movimenta,
impedindo que pare, morra e penda
como trouxa de pano, como penca
tombada de seu pé, como o vazio,
a coisa sem recheio, a casca murcha,
o fruto despojado de si mesmo.
 

Reynaldo Valinho Alvarez, 
in 'O Solitário Gesto de Viver' 
 
 
Reynaldo Valinho Alvarez (daqui)


Reynaldo Valinho Alvarez, (Rio de Janeiro, 1931), formado em Letras, Direito, Economia e Administração, publicou vinte e dois livros de poesia, dois de ficção, dois de ensaio e quinze livros para crianças e adolescentes, além de participar de mais de cinquenta coletâneas de poemas, contos e ensaios, com outros autores, e de colaborar em jornais e revistas. Foi laureado pelas principais instituições culturais do país, entre elas a Academia Brasileira de Letras, o Instituto Nacional do Livro, a Fundação Biblioteca Nacional, o Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, a Fundação Cultural do Distrito Federal, e a Fundação Catarinense de Cultura, além de entidades em Portugal, no México, na Itália e na Espanha. Traduzido para o sueco, o italiano, o espanhol, o francês, o corso, o galego, o persa, o macedónio e o inglês, foi incluído pela crítica entre os nomes mais expressivos da poesia brasileira contemporânea, que representou em festivais internacionais na Suécia, na Macedónia, no Canadá e na Espanha.
Reynaldo Valinho Alvarez, filho de pai espanhol e mãe portuguesa, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1931. Viveu seus primeiros anos junto a imigrantes portugueses, espanhóis e italianos, e seus descendentes.
Cursou as quatro primeiras séries do primário no Colégio Municipal Celestino da Silva. Entre seus contemporâneos, estava o animador e empresário de comunicação Sílvio Santos. Fez o antigo ginásio e o antigo clássico no Colégio Pedro II, onde conheceu Maria José, com quem está casado há 55 anos e que com ele cursou Letras Clássicas, na Faculdade Nacional de Filosofia... (continua)
 
 
László Moholy-Nagy, Self-Portrait, 1918
Wax crayon on paper, 37.9 x 31 cm 
 
Artista multifacetado, László Moholy-Nagy nasceu em 1895, em Bácsborsód, na Hungria. Estudou Direito, desde 1913, em Budapeste, abandonando os estudos em 1918. Tinha já realizado alguns trabalhos de pintura e de desenho. Em 1919 desloca-se para Viena e, no ano seguinte, para Berlim, onde realiza a sua primeira exposição individual, em 1922. Foi professor da Bauhaus entre 1923 e 1928, tornando-se mestre da forma e do atelier de metal e chefe do curso preliminar. Deu aulas de materiais e de espaço. Realizou trabalhos de pintura, de tipografia e de fotografia e publicou vários estudos e ensaios teóricos sobre design. Entre 1928 e 1934 dirigiu um estúdio de design gráfico em Berlim. Trabalhou em filmes experimentais e fez projetos para a Ópera Kroll e para o teatro Piscator. Na década de 30 realizou uma série de esculturas denominadas Moduladores Espaciais que constituem as primeiras manifestações da arte cinética.
Emigra para Amesterdão em 1934 e viaja para Londres no ano seguinte, trabalhando aí como designer gráfico. Mais tarde, desloca-se para os Estados Unidos da América e funda, em Chicago, uma escola de artes, a New Bauhaus, em 1937, que, no ano seguinte, passaria a designar-se School of Design. Desenvolve nesta fase esculturas acrílicas e concentra-se novamente sobre a pintura em 1944, sendo exemplo desta fase o Double Loop, de 1946. Morre em Chicago em 1946. A sua obra Visions of Motion foi publicada postumamente, em 1947.
Daqui)
 
 
László Moholy-Nagy, “Double Loop”, 1946
 
[This Plexiglas sculpture consists of a series of geometric planes, incised with holes and slits, flowing in biomorphic curves to double back and enfold each other and themselves. The effects of light and viewing perspective continually transform the appearance and mood of the piece, as art critic Chi-Young Kim notes: "when you walk around the piece in person, the incisions seem to disappear and reappear depending on your vantage point." Moholy-Nagy's use of translucent plastic, combined with his awareness of the ambient effects of light and viewer positioning, is typically prescient, prefigures later movements in modern art such as the 1960s Light and Space movement.] (Daqui)
 

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