Gabriele Münter, Breakfast of the Birds, 1934, óleo sobre madeira, 45,7 x 55,2 cm
National Museum of Women in the Arts, Washington, D.C.
Poente no meu jardim... O olhar profundo
Alongo sobre as árvores vazias,
Essas em cujo espírito infecundo
Soluçam silenciosas agonias.
Assim estéreis, mansas e sombrias,
Sugerem à emoção em que as circundo
Todas as dolorosas utopias
De todos os filósofos do mundo.
Sugerem... Seus destinos são vizinhos:
Ambas, não dando frutos, abrem ninhos
Ao viandante exânime que as olhe.
Ninhos, onde vencida de fadiga,
A alma ingénua dos pássaros se abriga
E a tristeza dos homens se recolhe...
Raul de Leoni,
Alongo sobre as árvores vazias,
Essas em cujo espírito infecundo
Soluçam silenciosas agonias.
Assim estéreis, mansas e sombrias,
Sugerem à emoção em que as circundo
Todas as dolorosas utopias
De todos os filósofos do mundo.
Sugerem... Seus destinos são vizinhos:
Ambas, não dando frutos, abrem ninhos
Ao viandante exânime que as olhe.
Ninhos, onde vencida de fadiga,
A alma ingénua dos pássaros se abriga
E a tristeza dos homens se recolhe...
Raul de Leoni,
in Luz Mediterrânea
Raul de Leoni
Poeta brasileiro, Raul de Leoni Ramos, nascido a 30 de outubro de 1895, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e falecido a 21 de novembro de 1926, em Itaipava, também no Rio de Janeiro, movimentou-se entre as áreas do neoparnasianismo e, principalmente, do simbolismo.
Em 1916, concluiu o bacharelato em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Entretanto, já era colaborador, desde 1914, das revistas Fon-Fon! e Para Todos, e, mais tarde, colaborou no Jornal do Brasil, Jornal do Commercio, O Jornal e O Dia.
Em 1916, concluiu o bacharelato em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Entretanto, já era colaborador, desde 1914, das revistas Fon-Fon! e Para Todos, e, mais tarde, colaborou no Jornal do Brasil, Jornal do Commercio, O Jornal e O Dia.
Raul de Leoni trabalhou também no corpo diplomático brasileiro e, em 1918, esteve destacado em Montevideu, no Uruguai, depois de ter recusado colocação idêntica no Vaticano. Antes, nesse mesmo ano, tinha sido nomeado secretário da Legação do Brasil em Cuba, mas nunca chegou a tomar posse do cargo. Permaneceu apenas três meses em Montevideu e quando regressou foi eleito deputado à Assembleia Fluminense.
Em 1919, lançou o seu primeiro livro de poesia, Ode a Um Poeta Morto, uma homenagem a Olavo Bilac, que foi sucedido, três anos mais tarde, por Luz Mediterrânea.
Raul de Leoni nunca se associou abertamente a nenhuma escola literária, o que levou a que acabasse por ter uma carreira poética algo discreta em vida, apesar do seu talento ser reconhecido. Em finais do século XX, a sua obra, apesar de pequena, era alvo de aprofundados estudos e cativava inúmeros leitores.
O poeta destacou-se ainda como desportista tendo ganho diversas provas de natação e remo em representação do clube Icaraí.
Doente dos pulmões, Raul de Leoni isolou-se em 1923 dos amigos e família, deixou o trabalho de inspetor numa companhia de seguros e foi viver para Itaipava, onde acabou por morrer.
Raul de Leoni faleceu a 21 de novembro de 1926 e apenas cerca de 35 anos mais tarde foi editada uma antologia de poemas seus, intitulada Trechos Escolhidos. (daqui)
Esse olhar ferido,
tão contra a flor que ele encontra
no livro já lido!
tão contra a flor que ele encontra
no livro já lido!
(Haicai / Haikai)
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