quarta-feira, 3 de março de 2021

"Páscoa de Giorgio de Chirico" - Poema de Oswald de Andrade


Giorgio de Chirico, Il grande metafisico (The Grand Metaphysician), 1917,
 oil on canvas, 104.8 x 69.5 cm


Páscoa de Giorgio de Chirico 
 
 
Quando te debruçares
Sobre a lívida ambiguidade
Nada será interrompido
Não estremecerá a estátua do físico
Nem a sacra estupidez
Nem a miragem
Nem a fraternidade ansiosa

Ninguém quis comprar o poeta 
in 'Poesia Completa: O escaravelho de ouro, 1946
 
 
O Escaravelho de Ouro é um poema longo escrito por Oswald de Andrade, um dos grandes nomes do Modernismo brasileiro, em 1946. É dedicado a Antonieta Marília, sua filha com Maria Antonieta d'Alckmin (a quem dedica Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão). Tem referências obscuras, e se aproxima da estética surrealista. Vera Maria Chalmers, num artigo sobre o texto, aproxima-o da obra de De Chirico. De facto, um quadro do pintor surrealista fazia parte da coleção do poeta, como aponta a autora. Uma das partes intitula-se Páscoa de Giorgio de Chirico. A estudiosa afirma, ainda: "O poema 'O escaravelho de ouro' se destaca na obra do poeta mais por seu hermetismo que o aproxima dos poetas surrealistas da geração de trinta, do que pela invenção poética [...] 'O escaravelho de ouro' é interessante pelo seu caráter fetichista, único em toda obra do poeta". Ela também aproxima o poema a um conto de Edgar Allan Poe. (Daqui)

 
Giorgio de Chirico, The Enigma of the Arrival and the Afternoon, 1912


"O homem é o animal que vive entre dois grandes brinquedos: O Amor onde ganha, a Morte onde perde. Por isso, inventou as artes plásticas, a poesia, a dança, a música, o teatro, o circo e, enfim o cinema."

Oswald de Andrade, A Crise da filosofia
messiânica

"messiânica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/messi%C3%A2nica [consultado em 03-03-2021].
messiânica, pág. 126



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