segunda-feira, 15 de março de 2021

"Mal secreto" - Poema de Raimundo Correia



Edouard John Mentha (Switzerland, 1858 – 1915), Maid Reading in a Library



Mal Secreto

 
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa! 
 
 
in "Sinfonias", 1883
 

Edouard John Mentha, The old shoemaker 


Nos dias quotidianos
É que se passam
Os anos.
 
Haicai / Haikai 
 
 

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