domingo, 21 de março de 2021

"Além de mim" - Poema de Olga Savary

 
 
Tamara de Lempicka, My Portrait (Self-Portrait in the Green Bugatti), 1925
 – óleo sobre tela – 27 x 35 cm – coleção particular (Art déco) 


Além de mim

 
Quero apenas
Além de mim, quero apenas
essa tranquilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.

Além de mim
e entre mim e meu deserto
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto de meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.
 
(Belém, 21 de maio de 1933 – Teresópolis, 15 de maio de 2020)
 
 
Tamara de Lempicka, Young Lady With Gloves, 1930, óleo sobre madeira,
45,5 x 61,5 cm, Musée du Luxembourg, Paris, França 


Biografia de Tamara de Lempicka
 

Tamara de Lempicka
 

Reconhecida por seu estilo frio e elegante, Tamara de Lempicka ressoa na memória de muitos por ser uma das artistas mais importantes e distinguíveis do Século XX. O facto de ser uma artista mulher num ambiente dominado publicamente quase de modo exclusivo por homens tem sido outra de suas grandes conquistas. 

Sua obra abundante e colorida nos chega hoje em dia com muitos elementos fascinantes e por pertencer a uma classe social abastada e poderosa, onde o luxo e a distinção eram comuns. 


A alta sociedade soviética: a história entra em sua vida

A história de Tamara de Lempicka começa no ano 1898. Esta grande artista nasceu na cidade de Varsóvia com o nome de Maria Gorska. 

Suas origens levaram-na a pertencer a uma família poderosa com muitos contactos sociais: seu pai foi um reconhecido advogado judaico russo e sua mãe dedicava-se às atividades sociais tanto pelo gosto pessoal como por profissão. 

Durante sua infância, Tamara viveu em várias regiões da Europa devido ao trabalho de seu pai. Vale ressaltar que naquela época a Polónia fazia parte do Império Russo.
 
Desde pequena, demonstrava habilidades para desenhar e pintar, embora tivesse que permanecer dentro dos parâmetros da arte clássica e académica. 

Em 1917, com a eclosão da Revolução Russa, sua vida cómoda e luxuosa entrou em perigo por causa da perseguição dos comandos soviéticos sobre centenas de famílias aristocráticas. 

Um ano antes da Revolução, Tamara havia se casado com um importante advogado polonês, que lhe deu seu sobrenome: Tadeusz Lempicki. Ambos fugiram da Europa Ocidental para instalar-se definitivamente em Paris. 

O início de sua carreira e a distinção como um prémio duplo

Já em Paris, os Lempicka puderam manter um estilo de vida acomodado, similar ao que conheciam na Rússia. Tamara dedicou seus dias a aperfeiçoar seu talento e aos poucos foi criando as obras mais conhecidas que até hoje chegam aos nossos dias. Imersa no característico Art déco dos anos 30, sendo Paris a capital da arte europeia, destacou-se com suas obras onde as figuras femininas abundam em elegância, frieza e beleza.
Cores metálicas, automóveis e linhas marcadas completam um estilo que agregou influências do Modernismo da época. 

Quando estourou a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), Tamara de Lempicka (divorciada desde 1928 de seu primeiro marido e casada com um segundo homem, o Barão Raoul Kuffner) teve que deixar Paris e dirigiu-se com seu novo esposo a Los Angeles e depois a Nova York.
Neste contexto, inspirou-se pelas formas e as cores dos arranha-céus.
Seus trabalhos foram reconhecidos por especialistas, ganhando inúmeros prémios e medalhas, distinguindo-a num mundo dominado quase completamente por homens.

Nos últimos anos de sua vida, mudou-se para o México onde viveu até sua morte em 1980, um ano depois de seu marido. (Daqui)
 
 
Tamara de Lempicka


"Para aqueles que, como eu, vivem à margem da sociedade, as regras habituais não têm qualquer valor." 
 
 (Tamara de Lempicka)
 
[Esta frase define claramente o espírito e a postura ao longo da sua vida e obra.] (Daqui)



Tamara de Lempicka, portrait photograph by Dora Kallmus
 of d’Ora Studio, Paris, 1929 


Dora Kallmus (Madame d'Ora)
(Austrian, 1881–1963)
 
Self-portrait of the photographer d’Ora, 1929 - Photography 
Madame d’Ora, Ullstein bild collection


Dora Philippine Kallmus, também conhecida como Madame D'Ora (Viena, 20 de março de 1881 – 28 de outubro de 1963), foi uma fotógrafa austríaca de moda e retratos.
 
Em 1905, ela foi a primeira mulher a ser admitida em cursos teóricos no Graphische Lehr-und Versuchsanstalt (Instituto de Treinamento Gráfico). No mesmo ano, tornou-se membro da Associação de Fotógrafos Austríacos.

Em 1907, ela criou seu próprio estúdio, com Arthur Benda, em Viena, chamado Atelier d'Ora ou Madame D'Ora-Benda. O nome foi baseado no pseudónimo "Madame d'Ora", o qual ela usava profissionalmente. 

D'ora e Benda operaram um estúdio de verão entre 1921 e 1926 em Karlsbad, Alemanha, e abriram outra galeria em Paris em 1925. Ela foi representada pela Agência Fotográfica Schostal (Agentur Schostal) e foi sua intervenção que salvou o proprietário da agência após sua prisão pelos nazistas, permitindo que ele fugisse de Paris para Viena.

Kallmus fotografou vários artistas famosos, incluindo Josephine Baker, Coco Chanel, Tamara de Lempicka, Alban Berg, Maurice Chevalier, Colette, entre outros dançarinos, atores, pintores e escritores. (Daqui)

 

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