segunda-feira, 22 de março de 2021

"Aquário" - Poema de Américo Cortez Pinto


 
Otto Mueller, Landscape with Yellow Nudes, c.1919, oil on burlap, 70.2 x 90.8 cm, MoMA
 

Aquário


Para que serve a Inquietação? 
Oh, alma inquieta
E em fogo!
Peixe vermelho do aquário
Que tem o mundo sem fim
Só na ilusão dos meus olhos!
Tenta varar a vida lado a lado,
E corta em frente
O aquário transparente…
Mas anda à roda, à roda,
Teimosamente à roda,
Inutilmente à roda,
Desesperado e iludido,
– Porque o mundo, adonde mora
Seu sonho, fica de fora
Do seu aquário de vidro…


Américo Cortez Pinto

(1896-1979)
In “A Alma e o Deserto”
Portugália Editora


 
Otto Mueller, Gypsy horse at black water, 1928, Germanisches Nationalmuseum
 

De asas multicores
pousam nas flores do campo
frágeis borboletas.


Raios de luar.
Bolhas nas águas do lago.
Saltam rãs e sapos.

(Fanny Luiza Dupré)

Fanny Luiza Dupré, esperantista brasileira,  nasceu em Paranapiacaba, estado de São Paulo, em 1911. Frequentou o grupo de estudos de cultura japonesa mantido por Jorge Fonseca Jr. na Faculdade de Direito da USP. Fanny Dupré era membro do Clube Esperanto de  São Paulo desde 1937 onde participava em atividades culturais e reuniões até sua morte em 21 de março de 1996.
A obra intitulada “Pétalas ao Vento – Haicais”, que vinha escrevendo desde 1939,  foi a primeira obra feminina deste género, publicada no  Brasil em 1949.
 
 
  Saudosa de ti
caminho só pela rua.
É noite de estio.

(Fanny Luiza Dupré)

 
Otto Mueller, Self-Portrait, c. 1921, tempera on canvas,
66 x 47.9 cm, Saint Louis Art Museum


Boémio da noite
no portão enferrujado.
Morcego dormindo.

(Fanny Luiza Dupré)


Sem comentários: