Guillaume Seignac (1870–1924), Pierrot and Colombine
Ria, Rosa, Ria
(A Guimarães Rosa)
Acaba a Alegria
Dizendo-nos: – Ria!
Velha companheira,
Boa conselheira!
Por isso me rio
De mim para mim.
Rio, rio, rio!
E digo-lhes: – Ria,
Rosa, noite e dia!
No calor, no frio,
Ria, ria! Ria,
Como lhe aconselha
Essa doce velha
Cheirando a alecrim,
A alegre Alegria!
(A Guimarães Rosa)
Acaba a Alegria
Dizendo-nos: – Ria!
Velha companheira,
Boa conselheira!
Por isso me rio
De mim para mim.
Rio, rio, rio!
E digo-lhes: – Ria,
Rosa, noite e dia!
No calor, no frio,
Ria, ria! Ria,
Como lhe aconselha
Essa doce velha
Cheirando a alecrim,
A alegre Alegria!
Você me conhece?
(Frase dos mascarados de antigamente)
– Você me conhece?
– Não conheço não.
– Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos,
que a paixão dos homens
(estranha paixão!)
Fazia maiores…
Fazia infinitos.
Diz: não me conheces?
– Não conheço não.
– Se eu falava, um mundo
Irreal se abria
à tua visão!
Tu não me escutavas:
Perdido ficavas
Na noite sem fundo
Do que eu te dizia…
Era a minha fala
Canto e persuasão…
Pois não me conheces?
– Não conheço não.
– Choraste em meus braços
– Não me lembro não.
– Por mim quantas vezes
O sono perdeste
E ciúmes atrozes
Te despedaçaram!
Por mim quantas vezes
Quase tu mataste,
Quase te mataste,
Quase te mataram!
Agora me fitas
E não me conheces?
– Não conheço não.
Conheço que a vida
É sonho, ilusão.
Conheço que a vida,
A vida é traição.
Sem comentários:
Enviar um comentário