O poeta
A Alberto Oliveira
Poeta! É mister que o poeta, ele, em cuja linguagem
há torrentes lustrais e bálsamos fragrantes;
Ele que encanta, embora os cépticos o ultrajem,
As crianças, as mães, os tristes e os amantes;
Ele que erra na plaga, onde em flechas radiantes,
o sol do estro a surdir purpureja a paisagem,
E onde bailam cantando as estrofes cambiantes,
- Aves de voz de prata e irisada plumagem;
É mister que ele, o poeta, o cismador, o brando,
Ele que ri, também ruja de quando em quando,
Implacável, cruento, enraivecido, atroz!
Assim na selva em flor, esplêndida e ridente
E verde e silenciosa, atroa de repente
Um berro de animal carnívoro e feroz.
Sonhou com o céu. Chorou.
Nuvenzinha boémia.
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