terça-feira, 27 de abril de 2021

"O(fí)cio" - Poema de Aleilton Fonseca

 
 
Oscar Pereira da Silva (Brasil, 1867–1939), O Ferreiro, s/d,  
Coleção particular 
 

O(fí)cio 


há bigornas
espalhadas
por todo                 espaço
e um fogo larva
que nasce em si mesmo magma
sem nenhuma preocupação com as horas

oficina - casa do ofício, ócio, cio
acima um aviso breve
permitindo a entrada de pessoas estranhas
ao serviço
                e martelos
                usados ou virgens
e muito
ferro signo
                para fundir

portanto
o ferreiro não dorme
e malha o gesto em sangue quente,
como era no
princípio
       e agora
                e sempre:
                                poesia


Aleilton Fonseca 
 
 
Oscar Pereira da Silva, Autorretrato, 1936
 
 
 A Insónia
 
Furo a terra fria.
No fundo, em baixo do mundo,
trabalha-se: é dia.
 
(Haicai / Haikai)
 

Oscar Pereira da Silva, Paisagem Rural, óleo sobre madeira
 
 
Outubro
 
Cessou o aguaceiro.
Há bolhas novas nas folhas
do velho salgueiro.
 
(Haicai / Haikai)
 
 

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