quinta-feira, 27 de agosto de 2020

"O Tempo" - Poema de Mário Quintana



Abraham Liedts (1604/1605-1668), Officers and Guardsmen of the Company of Dirck Claesz.
 Veen militia in Hoorn, 1653



O Tempo 
 ou
("Seiscentos e sessenta e seis")

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.


Mário Quintana



Mário Quintana
(1906-1994), por Sampaulo (1931- 1999)


Conhecido popularmente como "O Tempo", o poema de Mário Quintana tem como título original "Seiscentos e Sessenta e Seis". Foi publicado pela primeira vez na obra Esconderijos do Tempo, em 1980.

O livro, escrito quando o autor estava com setenta e quatro anos, exprime a sua visão madura e sábia sobre a vida. Reflete sobre temas como a passagem do tempo, a memória, a existência, a velhice e a morte.

Talvez pela mensagem inspiradora que transmite, o poema ganhou várias releituras e adaptações ao longo do tempo. Encontra-se altamente divulgado e popularizado numa versão maior, cujos versos não pertencem todos a Mário Andrade.
Apesar das inúmeras versões do poema que podemos encontrar e dos problemas de falsa autoria que acarretam, as palavras do poeta se mantêm sempre atuais e pertinentes para os seus leitores.

"Seiscentos e sessenta e seis"
é uma composição curta, de verso livre, na qual sujeito lírico reflete acerca da condição humana e a passagem inevitável do tempo. (Daqui)


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