quinta-feira, 20 de agosto de 2020

"Justitia Mater" - Poema de Antero de Quental


Abraham Solomon (English, 1824-1862), Waiting for the Verdict, oil painting on canvas, 1859


Justitia Mater



Nas florestas solenes há o culto
Da eterna, íntima força primitiva:
Na serra, o grito audaz da alma cativa,
Do coração, em seu combate inulto:

No espaço constelado passa o vulto
Do inominado Alguém, que os sóis aviva:
No mar ouve-se a voz grave e aflitiva
D'um deus que luta, poderoso e inculto.

Mas nas negras cidades, onde solta
Se ergue, de sangue medida, a revolta,
Como incêndio que um vento bravo atiça,

Há mais alta missão, mais alta glória:
O combater, à grande luz da história,
Os combates eternos da Justiça!

1870

Antero de Quental,
in "Sonetos"


Abraham Solomon, Not Guilty, 1854


"Três coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir atentamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente."

Sócrates

Filósofo, Grécia Antiga
 (-469 // -399)


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