terça-feira, 1 de novembro de 2011

"Para o meu coração basta o teu peito" - Poema de Pablo Neruda


Gaston La Touche, Dans le jardin, 1898


Para o meu coração basta o teu peito

 
Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma.

És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma. 


Pablo Neruda,
in "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada" 


Paulo Gonzo - Espelho (De Outra Água)


"Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo menos fragmentos de futuro em que a alegria é servida como sacramento, para que as crianças aprendam que o mundo pode ser diferente. Que a escola, ela mesma, seja um fragmento do futuro..." - Rubem Alves
 

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